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MEDALHA - O QUE A MARATONA ME DEU. Quarenta e dois quilómetros correndo é muito tempo pra pensar. Pra pensar nos porquês. Pra pensar na jornada. Pra pensar no antes. Pra pensar no depois. Nos primeiros quilómetros, eu era só empolgação e na minha cabeça passava um filme rodado há muitos anos atras, quando eu não corria nem 700 metros. Meu ego e eu corríamos de mãos dadas. Eu seguia mais rápido do que nos treinos, imaginando ser imparável. Na metade da prova, pensei na jornada. Na consistência dos treinos, no comprometimento e nas concessões de tempo e de rotina que tive que fazer para realizar este sonho. A maratona não permite improvisos. O ritmo havia abrandado, eu já começava a me cansar, mas ainda seguia firme, orgulhosa e segura. Já no final da prova, bem cansada e ora correndo, ora andando, pensei em tudo que a corrida me deu: razoes para sair de casa e correr ao sol quando a solidão de estar em terra nova me convidava a ficar na sombra. A me fazer acreditar que eu podia, sim, dar um passo a mais quando eu já me julgava exausta. A entender que somos sempre principiantes, inconstantes e  aprendizes. E por fim, quando encontrei meus amores na linha de chegada, entendi que o premio sempre esteve comigo.

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CARTA À IRMANDADE DAS ULTIMAS A SEREM ESCOLHIDAS NA AULA DE EDUCACAO FISICA. Queridas meninas, como estão? Já se passaram alguns anos, não é mesmo? Como a vida as tem tratado? A coordenação motora melhorou? A minha, não muito. Quando vejo uma bola de vólei vindo em minha direção, ainda me escondo, mas não choro mais (a terapia tem ajudado). Lembram-se como a conversa era interessante no banco na frente da quadra? Ali, esperando a nossa vez, podíamos contemplar toda a graça e competitividade que emanavam dos superatleticos, aqueles deuses da consciência corporal e do controle das mãos e dos pés. Eles se envolviam no jogo, né? Se importavam mesmo com aquilo, dava ate briga as vezes. Coisa engraçada... Enfim, escrevo-vos para contar que estou prestes a concluir uma façanha e tanto. Domingo agora, dia 20, correrei uma maratona. Uma inteirinha. Os 42, 195K todinhos. Sim, vocês entenderam direito. Um quilometro pra cada apelido engraçado que me colocaram quando eu era gordinha e descoo
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